O livro do desassossego - I
"Nunca amamos alguém. Amamos, tão somente, a ideia que fazemos de alguém. É um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos.
Isto é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa. O onanista é abjecto, mas, em exacta verdade, o onanista é a perfeita expressão lógica do amoroso. É o único que não disfarça nem se engana.
As relações entre uma alma e outra, através de coisa tão incerta e divergentes como as palavras comuns e os gestos que se empreendem, conhecemos, nos desconhecemos. Dizem os dois "amo-te" ou pensam-no e sentem-no por troca, e cada um quer dizer uma ideia diferente, uma vida diferente, até, porventura, uma cor ou um aroma diferente, na soma abstracta de impressões que constitui a actividade da alma.
Estou hoje lúcido como se não existisse.(...)"
Fernando Pessoa em O livro do desassossego
É um tormento ler este livro, mas acho que embora sempre tenha tido vontade de o fazer, é preciso esperar pela altura certa na vida para o conseguir.
1 Comments:
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