Uma estória é uma narrativa de ficção baseada em factos puramente imaginários.

sábado, março 04, 2006

Tu seguiste para sul e eu para norte

foto de Ricardo Resende


Uma face, um rosto, um sorriso... Vi tudo aquilo que eras quando nossos olhos se cruzaram pela primeira vez. Amor? Não sei. Talvez. Apenas sei que aquele sorriso me amordaçou e amarrou as mãos e as pernas. Transformaste-me no dia em que penetraste o meu interior. Com a memória daquele momento, em que apenas um simples vidro nos separava, passei a amar-me. Nunca mais te vi, é certo. E embora tenha vontade de voltar àquele mesmo último lugar do metro, àquela mesma hora, na esperança de te voltar a ver, não o farei! Não o farei porque conhecer-te melhor me fará sofrer. Prefiro guardar na memória aquele sorriso, aquele singelo gesto que me mudou, que me acordou do transe e me fez amar-me. Amo-te? Não sei. Amor é um sentimento comum mas sempre vivido de formas diferentes. Mas se esse for o caso: amar-te fez-me amar-me! E por isso, e simplesmente só por isso, não te quero voltar a ver. Conhecer-te traria dor, pois o envolvimento amoroso traz sempre dor e não quero voltar a entrar em transe. Não desta vez, não uma outra vez...
Tu seguiste para sul e eu para norte. Quanto tempo estiveram os nossos metros parados lado a lado? Pareceu-me uma eternidade, uma feliz eternidade que nunca esquecerei... O meu rumo é para norte, para as terras frias onde se busca o calor que uma fogueira nos proporciona. Não, não vou seguir para sul. Não, não te vou procurar. Mas sim, não te vou esquecer!