Uma estória é uma narrativa de ficção baseada em factos puramente imaginários.

terça-feira, outubro 25, 2005

Remendos - |

Porquê procurar? Não vale a pena! O ser humano busca incansavelmente a perfeição e nunca a atingirá. Somos como um pano retalhado que é preciso ir cozendo e remendando à medida que envelhece. Por vezes, não temos linha ou remendos e ficamos assim, encostados no fundo do armário, para ninguém ver o pano velhinho que se possuí.
Nunca encontraremos a pessoa ideal, o par ideal, o remendo ideal. Ao longo da vida encontramos vários amores, mas nunca "the one", por muito que pensemos que ele o é, à medida que o tempo passa, apercebemo-nos do quão frágil é, do quão humano é... O Deus que criámos em torno dele cai. Apercebemo-nos do quanto também nos fará sofrer, mais uma vez... No entanto nunca o deixámos de amar, porque amar é mesmo isto, uma busca pela perfeição. O ideal seria poder juntar as várias características que gostamos de cada um numa só pessoa, batê-las bem num milk-shake para ficarem homogeneizadas e depois sim, o príncipe encantado surgiria. Mas tal nunca será possível e ao mesmo tempo a condição humano não permite a solidão, o vazio de não ter com quem contar, o vazio de não ter com quem rir. Afinal para que serve uma bela paisagem, ou uns lençóis lavados numa cama nova se não puderem ser partilhados? Somos frágeis, é por isso que nos deixámos encantar com cada pessoa que se mostra a nós. Porque procuramos incessantemente a pessoa perfeita. Por muito que se queira não vamos conseguir ter um pouco da doçura de uma cereja, com a acidez de um limão, a beleza de um morango com o atrevimento de uma manga, a suavidade de uma banana e o sumo de uma laranja. As escolhas de hoje condicionam a nossa vida. É preciso ter força para saber tomar as decisões certas e enfrentar as tentações da vida. No entanto também é preciso saber perdoar...
Que raiva que tenho de conseguir pensar! Se não pensasse poderia ser livre como um gato, que vagueia pelas telhas dos vizinhos, anda com os gatos que quer sem se preocupar com o que ele próprio ou os outros sentem. No final do dia volta ao lar, porque sabe que terá sempre comida e festinhas à sua espera. Tão só e tão livre como um gato! Será que algum dia conseguirei?