Remendos - IV
Ontem estive na mesma casa à beira da praia onde passamos férias. Aquilo está diferente, está mais bonito, estão a fazer obras e a casa está pintada de fresco. Mas, o supermercado com o gelado que tu tanto gostas ainda continua lá e ainda vende o mesmo gelado.
Foi estranho voltar lá sem ti, abrir o portão e lembrar-me logo de como nos divertimos a sacudir os cobertores e as almofadas contra as escadas no primeiro dia em que lá estivemos... Lembrei-me do "melão", das aventuras na cozinha com os cozinhados, das idas à praia, das músicas cantadas na areia, da tabuleta dos caloteiros, dos jogos até de madrugada, do menino na praia que simpatizou contigo e não nos largava, da música alta no teu leitor de cd, da aventura nocturna até à aldeia de pescadores... Não consegui entrar no quarto onde dormimos... Aliás, em boa verdade, passei pouco tempo na casa, todas aquelas paredes me faziam lembrar bons momentos que passei contigo e tornou-se uma tortura muito grande...
Fui ver o mar. Estava muito agitado, parecia enfurecido. As ondas desenrolam-se na praia e batiam nas rochas com muita força. A chuva e a ventania faziam com que houvesse água por todo o lado. Aquele cenário trespassou-me e senti-me também assim, revoltada. Revoltada contigo, pelo o que me fizeste e como o fizeste, mas também comigo própria por não se capaz de te desprezar e conseguir desligar-me de ti. Há momentos assim, em que tudo está bem e sou assombrada por uma recordação nossa. Por uma recordação boa, porque não tenho recordações más. Hoje questiono-me de quantos desses momentos não terão sido uma farsa. Para mim nunca o foram, foram sempre únicos e verdadeiros.
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